Ministros do governo brasileiro e lideranças bolsonaristas concordam sobre o motivo que levou Donald Trump a buscar uma aproximação com o presidente Lula nas últimas semanas.
Tanto auxiliares do petista quanto aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro avaliam que Trump decidiu abrir diálogo com o mandatário brasileiro, após o tarifaço, por motivos econômicos.
Essa avaliação foi exposta pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na manhã terça-feira (7/10), um dia após ele acompanhar a conversa por telefone entre Lula e Trump.
Para Haddad, a população norte-americana notou, nos últimos dois meses, que as tarifas unilaterais de 50% sobre produtos brasileiros “mais prejudicaram do que favoreceram” os Estados Unidos.
“Eles estão notando de dois meses para cá que as medidas mais prejudicaram do que favoreceram os Estados Unidos”, afirmou o ministro da Fazenda em entrevista ao programa “Bom dia, Ministro”, coprodução da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) e da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
A avaliação de Haddad é corroborada pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. À coluna, ele avaliou que Trump abriu diálogo após notar que o tarifaço afetou diretamente a economia americana.
Nos bastidores, lideranças bolsonaristas também fazem a mesma avaliação. “Trump é business puro”, avaliou à coluna, sob reserva, um influente bolsonarista com trânsito na família Bolsonaro.
Auxiliares de Lula no Palácio do Planalto ressaltam que o próprio Trump deu sinalizações disso durante a ligação, ao dizer que os EUA estão “sentindo falta” de alguns produtos brasileiros. Entre eles, o café.
Atualmente, o Brasil é o maior fornecedor de café para os Estados Unidos. Desde o tarifaço imposto por Trump a importações brasileiras, o preço do produto disparou no território americano.
Segundo o Escritório de Estatísticas dos Estados Unidos, o preço do café pago pelos americanos teve alta de 3,6% em agosto, primeiro mês de vigência do tarifaço. Trata-se do maior aumento mensal em 14 anos.
No telefonema, Lula pediu que Trump revogue o tarifaço. O chefe da Casa Branca não deu uma resposta final, mas designou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, para prosseguir com as negociações.
Pelo lado brasileiro, a negociação será tocada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro da Indústria e Comércio, pelo chanceler Mauro Vieira, além de Haddad.
A conversa de Lula e Trump foi iniciativa do líder americano e ocorreu dias após os dois se cumprimentarem pela primeira vez pessoalmente na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York.
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